(Você pode ler esse texto ouvindo - Quem vai dizer tchau?)


Gostaria de começar dizendo - amor, eu sinto a sua falta. - mas não poderia, nem mesmo se sentisse. E é estranho, porque me acostumei a sentir sua falta, pensar nas ligações de boa noite, no beijo matinal com gosto de café, nas horas ao teu lado, dando gargalhadas por qualquer motivo, ou simplesmente ficar ali, te encarando enquanto lia o jornal. 
Mas como Ana cantou - costume nunca foi amor - e nunca será saudade. Mas isso ninguém nos diz. 
Ninguém escreve sobre o costume de sentir saudade. Porque, acredito, quando chegamos nesse ponto devemos seguir em frente. E pelo que tenho visto por aqui, muita gente nem mesmo chega nessa parte da história, as pessoas vão substituindo os sentimentos sem mesmo tê-los vivido por completo, nunca chegando ao ponto de se acostumar a sentir a ausência. Nem pensamos nisso. Mas cá estou eu. Me apeguei tanto a saudade que esqueci de avançar. - Gostaria de lembrar que nunca fui boa de meios termos. - Porque é tão confortável apenas permanecer sozinha, relembrando vez ou outra uma boa história. 
Pra criar novas histórias é preciso correr risco - muitos riscos - e talvez, eu me apeguei a solitude e a um você que já não existe mais por medo do inesperado.
 A gente faz isso, não é? Desde criança nos apegamos a qualquer coisa que nos permita não ter medo da escuridão noturna, ou de uma experiência diferente, que justifique o nosso amadurecimento. Na minha época, eram os cabelos lisos, com cheiro de lavanda da minha irmã mais velha. Como era difícil dormir longe dela! E depois, dormir sozinha na minha própria cama, em um quarto enorme só pra mim, como a "mocinha" que eu estava me tornando.
Hoje, ouço aquelas velhas  canções que fazem o coração apertar por não ter em quem pensar, por não pensar mais em você. As canções não fazem mais sentido, porque sentir sua falta também não faz. Assim como não fazia sentido uma garota de 8 anos dividir a cama com sua irmã, mesmo que elas se amassem. Eu  soltei os cabelos dela  e veja  só - correr riscos me trouxeram várias experiências noturnas incríveis. 
Agora é hora de soltar você também e me permitir criar novas saudades! 



- Luíza Moura