terça-feira, 19 de janeiro de 2016



(procure na playlist, Skank - Esquecimento, e tenha uma ótima leitura)

Por mim, o tempo, esse que faz ali fora. Pode continuar assim, esse tempo sempre trás nuvens carregadas de inspiração. O café quente e o tempo frio fazem borbulhar mil lembranças na mente. Que esse tempo, jamais me acompanhe de um branco poético ou de uma súbita vontade de não escrever. Coisas que acontecem com quem escreve. Só quero que não termine tão cedo esse clima bom. Quero me desmanchar pensando em ti. Nos teus olhos castanhos, nos teus cachos negros e no teu sorriso. Afinal, que dia vens minha bela? Em qual estação estamos mesmo estando no mesmo país? Você inverno e eu verão. Quero esse teu inverno visse?! E essa mata que lhe cerca, gostaria de ali me esconder contigo e fazer... Poesia. Com a boca, com os dedos e nossos corpos molhados.

Nesse dia de pouca luz provocar meu tesão em ti. Ah, como eu queria agora! Queria te realizar às vontades mais loucas, e até ficar de conchinha abraçadinhos debaixo do cobertor. Te acariciar o corpo de forma que te toque a alma, e te mostre que a vida é mesmo além do que se vê. Quero, minha flor amazônica, ser tão intenso quanto o teu olhar. Entender o que fala quando está por cima de mim, pra depois em qualquer conversa saber do que se trata o que diz ou que disse. Poder ligar os pontos. Quero teu corpo como esse chá que bebo agora, quente. Sentir com a língua cada nuance da tua pele e de teus lábios. Quero em teus seios fazer morada. Quero intensamente ser dois em um contigo. Tu me povoa o pensamento a cada instante. E a cada gota dessas chuvinhas que caem aleatoriamente distorcendo o tempo entre dia e noite, e o cheiro da terra molhada que sobe ao ser tocada pelas gotas me lembram teu cheiro e a sensação de tesão e calmaria que ele me trouxe. Quero teu cheiro de novo. Por que por mais que eu me lembre de quase tudo, teu cheiro já não é mais tão constante. E, eu não quero te esquecer assim, gradativamente. É como te perder lentamente pro tempo e te ver ir indo, sumindo na neblina. É como tentar lembrar de uma poesia que escrevi há exatos três anos, não me recordo. Regresse agora. Que eu lhe cuido inteira. Lhe faço um poema, um café ou chocolate quente e posso fazer algo mais quente. Depende do teu gosto e desejo. Eu não sei, mas acho que a nossa cama teria lençol bagunçado.

Posted on 17:19:00 by Unknown

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Foto: Erica O.
Um ano depois
E eu internalizei quase tudo
Fui de Estômago à Amélie Poulain,
De Macunaíma à Arte de Fazer um Jornal Diário...
Nem posso deixar de falar de Durval Discos...
Igual à Fala Mansa eu quis colo de menina,
Mas nem contava com a mudança (in)constante...
E me vi perdida naquelas ruas...
enquanto um 'bixo' ria de mim!

Desculpe, ouvi falar da morte do David Bowie e me lembrei de ti
E o que me levou a reviver todo o arquivo nuvem ?
Foi a pausa que a faxina me deu
Pra eu perder meu olhar no nada
E lembrar dos sábados em que me aplumavas,
E aliás, "que visão!!!"...
Os quatro raros sábados,
O açaí, o cachorro quente...
todo aquele cenário cliché,
digno de um romance de menina,
que nem significava muita coisa pra mim...
Até eu ver escorrendo da mão feito areia...
Como pude ficar louca?
Eu queria mesmo era ser rasa...
E não me permitir olhar, passar, e nem falar...
Talvez um dia eu ainda me veja por lá.

Posted on 10:47:00 by Unknown

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domingo, 10 de janeiro de 2016


(Você pode ler ouvindo a música É você que tem - Mallu Magalhães)

Hoje só quero sentir o calor dos nossos corpos entrelaçados na maciez de sua cama. Sentir o teu toque suave. Suas mãos quentes ao afagar os meus cabelos e fazendo desse emaranhado desconjuntado - não só dos meus cabelos, mas da minha vida - o seu lar. Hoje só quero te ouvir dizendo o quanto você se sente em casa quando te abraço E entrelaçar os nossos dedos como referência ao modo como nos encaixamos perfeitamente na vida um do outro. Hoje quero te beijar desesperadamente, te mostrar como o meu peito queima quando nossos lábios se encontram. Mesmo que esse encontro ainda seja apenas na minha fértil e doce imaginação. Hoje quero te ver caminhar pela casa, atrasado para o trabalho porque decidiu passar mais cinco minutos me beijando. E esses cinco minutos tornaram-se horas de carícias intermináveis. Hoje quero olhar nos teus olhos e sentir. Sentir que seu amor me pertence e que eu te pertenço inteira. Quero te entregar meu corpo, meu calor. Meu suor. Entregar a você o meu riso, a minha história - passado e futuro. Hoje quero fazer dessa vida, minha vida com você!

Luíza Moura

Posted on 10:45:00 by Unknown

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016



Por todos esses 20 e tantos anos me senti deslocada. Durante um tempo pensava que fosse por não ter uma beleza de padrão, ou pelos meus gostos musicais exóticos. Nunca fui dessas que perdia tempo pensando em maquiagem e garotos. Mas cresci. Meus gostos foram mudando, talvez melhorando, talvez não. Tudo depende do ponto de vista , não é? Enfim... Comecei a gostar de maquiagem e a pensar em garotos. Não tanto quanto possa ser considerado normal. Mas, às vezes, penso. E ainda assim aquele sentimento de não pertencer a este lugar me incomodava. Sem entender, continuei vivendo, convivendo, ou sobrevivendo. Até que um dia entrei sozinha num avião. Vôo 4606, 19 horas - Destino SDU (Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro). As pernas tremiam enquanto as pessoas e os prédios ficavam tão pequenos que só podiam ser notados pelas luzes dos postes acesos. Meu estômago parecia dar uma volta de 360 graus. Tentei me controlar, afinal, nunca tive medo de viajar. Ao contrário, sempre gostei de experiências. Aos poucos fui me adaptando aquilo e percebendo o que eu estava fazendo. Pegando um avião sozinha pra um lugar que não conhecia. Ao desembarcar fui direto passear pela Orla de Copacabana. E senti. Um vento que sussurrava ao meu ouvido - você pertence a isso. Você pertence ao mundo. - Não notei o quanto essa viagem faria diferença em minha vida. Seria a primeira de muitas. Fui novamente. E novamente. E depois pra outros destinos. Alguns a 10 horas de distância, outros a 60 minutos. E a cada viagem que eu fazia, podia sentir mais que eu pertencia ao mundo. E o mundo me queria nele. Percebi que o que me fazia sentir deslocada não eram as roupas, a música, a excentricidade da minha adolescência. Mas sim o fato de eu não pertencer a uma Capital qualquer. Eu deveria pertencer ao Mundo. E conhecer todo ele. Depois que entendi isso consegui me adequar em qualquer lugar. Porque, dentro do meu peito, eu sempre sei que o lugar que eu estou ainda não é o último, não é o único. Ainda vou viajar daqui pra qualquer lugar!

Luíza Moura

Posted on 21:54:00 by Unknown

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terça-feira, 5 de janeiro de 2016




Daquele verão só quero lembrar que me senti livre. Pela primeira vez na vida soube o que era não ter mágoas, preocupações, problemas ou falta de afago. Essa liberdade de poder sentir todas as coisas com a intensidade que elas merecem. E não sentir dor. É, pela primeira vez pude ter a liberdade de não sentir dor. Todo mundo precisa de um tempo assim. Conhecer aquele cara inesperado, quando você só espera ter mais uma noite livre de tudo. E então ele está lá. - O barbudo do sorriso sem jeito. - Troca umas três ou quatro palavras e acha que nunca mais vão se ver. E isso não importa. Você está provando da liberdade. Lá no fundo sabe que poderia ser ele. Mas o seu vôo sai amanhã e é melhor não complicar. - Ele quer complicar. - Quando percebe já está envolvida. Tão logo a despedida chega. Que louco, não é? Você sempre foi aquela que ficava. Com a saudade e o vazio pelas ruas da sua cidade. Agora é sua vez. É hora de partir. De deixar outra cidade com a sua saudade. Percebe que ir é pior do que ser deixada?! Sente vontade de ficar. Trocar a passagem. Perder o vôo, talvez? Mas sabe que isso é só uma aventura de verão. Quer que seja assim. Porque se envolver não era o combinado. - Liberdade. Livre de todas as amarras. - Repete pra si mesma, como se isso tornasse o sentimento irreal. Você se prepara pra soltá-lo, o seu psicológico já está pronto pra aceitar a despedida e o quão rápido foi esse encontro-desencontro. Mas ele te segura pela mão e se despede, como se fosse a coisa mais simples de se fazer na vida. - Até Fevereiro, Abril ou daqui 5 anos. - Termina a frase te dando um beijo e te apertando contra seu peito. Sem perceber você é transportada de volta ao seu mundo "normal" , e ele não é nada disso. Você quer aquela liberdade novamente. Perturbada, tenta encontrar uma solução pra isso. Mas só consegue lembrar daquela frase, do sorriso em meio a barba e do abraço quente que o seu verão lhe trouxe.

Luiza Moura

Posted on 00:29:00 by Unknown

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