Hoje eu não quero discutir política, misoginia, LGBTfobia ou racismo. Debater sobre as lutas de classe, pensar sobre uma revolução que derrube esse sistema e que horizontalize a sociedade ou sobre o quão certo (ou errado) o Duvivier estava por escrever o texto para a Clarice (ou para a produtora do novo filme deles).
Não que eu não ache esses temas importantes. Quem me conhece sabe o tamanho do espaço que eles ocupam na minha vida.
Uma vez eu estava numa aula da Djamila Ribeiro – minha eterna musa – e ela nos disse que é comum militantes adoecerem. Lutar consome muito das nossas vidas e energia.
Acho que estou doente.
Sinto como se eu estivesse em meio ao mar alto e revolto devido a tempestade. Sinto como se estivesse afogando. Eu realmente tento nadar. Não pretendo sucumbir. Mas, a verdade é que eu estou perdendo essa luta. Sempre que penso estar em vantagem vem uma onda e me prova o contrário. Olho em redor e não vejo ninguém. Só há eu, o mar e a tempestade.
Não há ninguém porque eu não consigo chamar por alguém. Esse sempre foi um dos meus principais bloqueios. Me acho meio Maria do Bairro ao falar dos meus problemas aos terceiros.
De vez em quando o mar transborda. Ele vem do fundo da minha alma e acha saída nos olhos. Óbvio que isso acontece em meio à solidão. Se falar de mim já é uma questão, quiçá externalizar o caos que carrego na mente.
Ao contrário do que deve estar pensando, eu sou uma das maiores amantes do humor que você provavelmente conhecerá. E a minha parte favorita em meio a isso tudo são as “soluções” que as pessoas me apresentam. Sempre tão simples. Sempre tão fáceis. Sempre tão rasas. Só que eu carrego um universo em expansão no peito. É algo ruidoso, grande, forte, complexo.
Eu realmente preciso de alguém. Um psiquiatra, um terapeuta, Jesus, Buda, Oxóssi, alguém. O problema é que eu não sei quem. Ou aonde encontrar.
Se me vir andando por aí, por favor, não venha me consolar, eu tenho alguns problemas com toque e odeio abraços de consolo. Profundamente.
Hoje eu precisei falar de mim. Pra mim. Eu precisava fazer algo. Eu sei que soa dramático, exagerado, carente, mas foi o melhor que consegui fazer.
Eu não me arrependo de nada, mas queria fazer parte da massa.

#SetembroAmarelo

Milla Carolina.