Foto criminosa de tribo isolada na Amazônia - Reprodução |
ugh ugh ro ro
- Véi, (ugh) essa era da boa hein?!
- Tu que tava de viajem errada.
(...)
- Ei, moça. Quanto é a passagem?
- É cinco.
- Moça, a gente tava ali conversando e levaram nossas identidades. Eram tipo uns cara branco armado, tavam de caravelas. Sabe, aqueles carros de bandido?! Tinham uns números dos lados. Eles tinham umas letras bem grandes. Eram muitos. Disseram que minha mão tava com cheiro.
- hmmmm, tipico.
- Moça, que ano é esse?
- Dois mil e dezessete, ué, porque?
- Porque a esse preço eu pensei que fosse em mil quinhentos.
Dois cartões, cada um é depositado nas suas roletas. A catraca fez traaac seco. Passaram. Desceram deixando a esquerda livre. Bem rápido porque o trem do metrô já vinha parando. Correram. Era o se perder não teria o das onze. Entraram, mais lotado que o de costume. E colados num canto, janela de um lado belos prédios do outro favela. Era a linha insegura que separa os sonhos da realidade. Ela se sentia segura e ele com medo. E era como se um segurasse o mundo um do outro. E tiveram um beijo que foi como se tivessem pedido pra aumentar as luzes e a música da cidade. Como se tudo ali não importasse. Mão no peito dele. Mão no rosto dela. Carinho intenso e beijos molhados. Seria um tormento aquilo se não fosse com ela. Ele viajava.
O condutor anuncia fim de linha, param. Portas se abrem. Saem. Calor forte. Saída com entrada pro mundo em que não falaram no jornal. Caos quente a pouca luz. Mãos dadas. E caminho silencioso até em casa. Porta abre, entram. Fecha incomodando a vizinhança. Luzes se ascendem. O breu agora dá forma a uma sala desarrumada e alguns desejos.
Suor, corpos e vida. Se encontram em portas fechadas. E o mundo parece parar de girar. Com todas as roupas jogadas no chão até o tapete. A luz que ilumina vez ou outra a da lua e quase sempre dos giro flex. Ambulâncias, viaturas. Tudo abafado ao som do love sex. À peruana na intensa troca. Como reclamar dessas luzes que refletem no corpo dela? O corpo que envolve. A pele preta que reflete. O suingue leve e intenso. Sorrisos e malícias no encaixar perfeito dos corpos num silêncio temporário onde o que se escuta é o entrelaçar dos corpos. O aprofundar de lábios em língua e dedos. O versificar de um ai.
Do chão ao sofá rastros de pudores desmascarados. De pernas que travam ouvidos. Ouvidos que entendem o caminho. Caminhos que se inundam e trazem o melhor sabor do corpo. Compartilhado em beijos e espalhado entre os corpos. Os poros expostos das unhas nas costas. E os cabelos na mão dela. O gozo na barba dele. E tantos beijos e trocas de gemidos sacanas. De canto na parede, no braço do sofá. E dois dedos deliram-na. E de suaves a extensos movimentos. Forte e calmo, rápido e louco. Intenso. E quase tremendo. Mãos por todos os corpos percorrendo. Sentados no sofá. Lá fora o mundo não para, tiros e pneus queimando. Ali dentro dois corpos em pura combustão carnal. De novo parece o mundo todo parar quando os olhos dela reviram.
Sol nascendo na janela do trem. E... Será que isso um dia vai acabar ou virar algo? Sei que ela só me quer pra tapar as lacunas do namorado branco dela. Mas é tão bom. O sorriso dela, o beijo dela, a voz dela. Pior que o sexo nem é mais o mais importante agora. Pior que ela prefere que a chame de morena...
Maluco Sonhador.
Sheyden AfroIndígena.
Muito bom, mesmo! Bem pensada a desordem que ritmiza o texto que faz o conto virar poesia quase uma música enquanto se lê. Parabéns cara! Eu começei o meu blog hoje, ta bem mirim ainda haha mas vamos q vamo ;)
ResponderExcluir<3 <3 opa, manda o blog aí sá =D
ExcluirÉ esse perfil que estou usando, se chama "O que está acontecendo com o mundo?"
ExcluirPorra! amei muito...texto doce pra se identificar,vou ler mais coisas do blog ❤
ResponderExcluir<3 <3 amooo
ExcluirTu ta foda, ein, ffff ♡ preciso nem dizer nada. Palavras faltam.
ResponderExcluiramo tu ♡ ♡ ♡ ♡
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