sábado, 29 de outubro de 2016


12.08.2016

Embriagada
Pelo desejo
Pelo momento
Pela vodca barata
Daquelas que o nome termina em off
Que desligam a mente
E deixam só a carne pulsar
Sugar
Suar
Sem ar
Sem hora
Oh, senhora
De saia em tom amora
Saia que agora
Enfeita
O canto escuro do quarto
O canto direito da mente
O canto esquerdo do peito
Peito que agora
enche e esvazia
De ar denso e cinza
Cigarro pós sexo
Que sutilmente ilumina
Teu sorriso amarelo
[Ester Bessa]

Posted on 22:39:00 by Unknown

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domingo, 23 de outubro de 2016



23.10.2016


Você deixa no ar um cheiro tóxico e no seu corpo deveria estar gravado algum pictograma de perigo indicando o que você pode causar aos outros. Mas não, você não é cigarro, que vem com aviso na embalagem.

E, mesmo que fosse cigarro, ainda sim eu teria te incendiado e feito meu sangue te carregar pelo meu corpo. Eu sei que eu admiraria suas curvas que sumiriam pelo ar. Eu te convidaria para as noites de calma. Eu faria pausas no meu trabalho para conversar com você. Eu te pediria a qualquer desconhecido na rua.

Se você fosse cigarro, eu te degustaria e encobriria seu gosto com uma balinha de 10 centavos, para que não notassem seus resíduos em mim. Eu juro que teria a audácia de te acender após o fim de uma combustão com outra pessoa, a faria te saborear também e encerraríamos a noite com o teu gosto na boca. E falando do teu gosto, que me arranha a garganta, eu reclamaria dele mas cortaria parte do filtro para senti-lo com maior intensidade.


Você seria o Derby que eu critico fervorosamente, mas que vez ou outra deixo embalar minha tarde e, nem sempre por falta de opção. Se você fosse cigarro eu tossiria com escárnio e lançaria seus restos em qualquer lugar. Eu te apertaria entre os dedos e questionaria a sua aparência frágil que se tornaria mais forte que eu.


Eu não admitiria a minha dependência química da tua existência, diria que é apenas por prazer. Eu não aceitaria a reputação de viciada, porque você seria apenas um mau hábito.
Que bom que você não é cigarro. Mas você ainda me causa infinitos danos e pensando melhor, que pena você não ser cigarro, seria mais fácil achar um grupo de terapia para suprir a abstinência da droga que você é.



Ester Bessa

Posted on 15:57:00 by Unknown

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sexta-feira, 21 de outubro de 2016


Demorou, eu sei. Mas entendi. Agora, finalmente, entendi. Paixão é sentimento fugaz, imprevisível, quase sempre não é indolor. O afeto não. O afeto é sempre indolor. O carinho que sentimentos pelo outro é de graça. Não precisamos que o afeto seja retribuído na mesma proporção. Mas a paixão... Se não é devolvida na mesma intensidade, machuca. Faz o coração apertar tanto a ponto de parecer que vai encolher quando não é recíproco. O afeto pode virar amor, um dia, talvez. A paixão, com sorte, também vira amor. Mas quando não, a gente fica confuso. Não sabe se permanecemos juntos por aquele sentimento que um dia existiu, ou se desistimos. E as duas opções machucam. A paixão é maravilhosa, jamais diria o contrário. Sou um romântico incurável. Apaixonado nato. Mas a paixão, tão majestosa, é sentimento para dois tipos de pessoas: os jovens, porque se curam rapidamente desses sentimentos. Mesmo que sofram; e dos maduros o bastante, independentes, autossuficientes, aquelas pessoas que não se deixam influência pelo saboroso aroma do perfume da pessoa amada. Porque esse tipo de pessoa é paciente, não vai se deixar envolver a ponto de se magoar. E eu, infelizmente, não estou em nenhuma das classificações. Eu sou do tipo que fica sentindo o perfume do outro em cada esquina, que a cada canção encontra uma frase pra encaixar ali o nosso romance. E que quando chega a noite, tudo o que deseja é o abraço aconchegante daquele colo (que talvez nem seja assim). E pessoas assim se magoam muito. Porque esperamos demais. Esperamos que a mensagem seja respondida tão cedo quanto fôra enviada. E quando não o é, sentimos a agonia de não ser prioridade ardendo no peito. Esperamos que o outro mande recadinhos fofos e que demonstre saudade. Para que possamos retribuir com nossas juras intermináveis de paixão. Dizendo que tão logo iremos nos encontrar. E quando o tão esperado encontro não acontece... Ah , quando não acontece e a saudade chega a sufocar, aquela sensação de que agora sim, finalmente, ele está desistindo. Todo o conjunto de realidade e paranóia tomam de conta e a gente chora. Chora porque não consegue conter as lágrimas, porque não sabe com quantas outras a nossa paixão estará, em quantas camas se deitará, se ri de alegria ou de deboche ao ler aquela mensagem fofa e estúpida de boa noite. É aí que a paixão faz de nós tolos. E é aí quando gostaríamos de não ter sido tão vulneráveis. É ai que aprendemos a valorizar o afeto.
O afeto que faz de nós seguros. Que não nos cria expectativa nem mesmo paranóias. Que nos permite ouvir a banda preferida dele sem sentir palpitações ventriculares prematuras. O afeto afeta, mas não maltrata. É fato.


- Luíza Moura

Posted on 22:35:00 by Luiza

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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

(você pode ler ouvindo Joe Cocker)


Eu nunca pude fazer nada e isso ainda arde no peito.
Ainda sinto o dia que você partiu aqui, como se fosse ontem, sinto-o vivo. Cada segundo daquele dia, o cheiro da grama molhada no ponto de ônibus, o céu limpo e azul, o sol forte, mas o vento gélido, mostrando que a qualquer momento poderia chover. E choveu. A chuva não veio do céu, dessa vez veio em formato de lágrimas - escorrendo pela minha face, dispersando-se por todos os lados, bochechas, lábio, pés e a grama. Até hoje, não sei se a grama estava verde pela chuva que havia caído naquela semana ou se chorei tanto que não conseguiram secar. Exagerada? Sempre. Mas foi assim que me senti aquele dia. Passei horas caminhando sem rumo pela cidade porque eu sabia que chegar em casa e não ter você seria muito doloroso.
Sei que eu tomei a decisão de não entrar naquele ônibus. E em todos os outros com destino ao nosso amor. Meu coração com destino ao teu. Não entrei nesse ônibus. Não me juntei a você. E essa foi apenas a primeira vez em que, por culpa da minha falta de fé no amor, do meu medo de abandonar tudo pra viver ao teu lado, fizeram-me perder a chance de ficar pra sempre ao seu lado. Tivemos muitas outras chances depois, em todas eu congelei. Nunca vou esquecer do teu olhar para mim, quando estávamos no banquinho lá do alto daquele pequeno morro, onde podíamos avistar boa parte de Goiânia, aquele seu olhar de quem espera que dessa vez vá dar certo - dessa vez ela vai ter coragem o suficiente - não tive. Ou quando eu simplesmente não entrei mais uma vez eu não peguei aquele voo pra ir te encontrar e conversarmos. Eu sabia o que você diria. Eu sabia que você estava pronto para viver aqueles nossos sonhos. Correção: seus sonhos. Porque eu nunca os sonhei, não é? Sinceramente, bora bora nunca foi o meu sonho de lua de mel, eu não queria um labrador, quanto aos filhos... Eu, tinha apenas 16 anos, não pensava em filhos. E agora, quase dez anos depois eu desesperada para tê-los. E, talvez, nunca os tenha. Sei que não será com você. Essa é a minha única certeza hoje: Nada mais será com você. Porque eu já perdi todos os ônibus e vôos possíveis. E outra o pegou, certamente. Se eu me arrependo? Talvez.
Talvez eu pense um pouco na nossa casa com gramado verdinho, com um quintal enorme onde as crianças poderiam correr e brincar com o nosso labrador. Talvez eu delire de vez em quando com nossas viagens a Bora Bora e Coimbra. E com a sua toga negra pendurada ao lado do meu jaleco branco no armário, a nossa biblioteca enorme onde você vai passar longas horas estudando e escrevendo para mim. Nossos três filhos pendurados em você quando eu chegar de um plantão exaustivo, e a unica coisa que pensaria seria em me juntar a vocês na brincadeira qualquer que fosse. É, talvez eu pense um pouco na vida que eu abri mão, talvez eu sonhe um pouco com uma vida assim hoje.

Arrependo-me de não ter ido na primeira vez. As vezes, me pego pensando em como teria sido se eu fosse até o aeroporto. Eu choraria? Acho que não. Naquela época eu era mais forte. Jamais choraria em sua frente. Eu te pediria pra ficar? Você me convenceria a entrar no avião? Talvez tentaria. Me diria o quanto eu amaria o Rio e me pediria pra embarcar. Eu teria coragem? Gostaria de ter sido essa pessoa corajosa, não fui. Nunca fui corajosa com você. Nunca me esforcei para ser. Mas quer saber, talvez seja melhor assim. Porque, apenas hoje, eu descobri que nós jamais viveríamos aquela vida que você desejava pra nós. Porque mesmo eu te amando profundamente e você sonhando todos esses sonhos para nós, você nunca foi o amor da minha vida. Você foi apenas um grande amor, talvez tenha sido até o mais bonito, mas apenas isso não basta.  O tempo passou e eu vivi a vida da melhor maneira que eu deveria tê-la vivido, só então eu compreendi o porquê de eu nunca ter sido corajosa o suficiente para amar você. 
Grandes amores épicos juvenis não foram feitos para durar mais do que quatro dias, Romeo e Julieta que o diga. Ainda duramos o bastante.
Espero que você também entenda.

Não mais sempre sua, ex namorada.







- Luíza Moura

Posted on 21:23:00 by Luiza

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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

(Você pode ler esse texto ouvindo Stay)

- Eu quero que sejamos apenas nós. Porque nesse momento sou apenas uma garota, parada em frente à um cara, tentando dizer algumas coisas, que talvez não saiam exatamente perfeitas como imaginei.
Não quero conhecer outras pessoas, nem que você as conheça também. 
Quero te apresentar aos meus amigos e que você conheça os meus pais. Nos domingos, quero que me acompanhe aos almoços na casa de alguma tia. Quero que você não seja mais tão só nessa cidade de concreto. Te fazer feliz e ser o teu lar. E quando você viajar, quero que conte as horas pra voltar. Por mim, pra mim. Quero status de relacionamento sério no facebook, fotos fofas e bobas no Instagram, fim de semana acampando ali no Goiás e férias em minas gerais. Quero que você conheça a cidade natal dos meus pais, onde vamos tomar sorvete na pracinha, assim como minha mãe fazia quando era adolescente. Passear de mãos dadas pelo Barreiro, enquanto eu falo sem parar sobre como eu gostaria de ter crescido ali, ou conto sobre a história do lugar, evidenciando o quanto sou fã da Dona Beja e como adoro pão de queijo e todos aqueles doces da loja dona joaninha. Quando passarmos em frente à igreja matriz, quero poder dizer, sem medo, que é ali - aqui onde eu sonho casar - dizer isso sem medo de você achar que estou indo rápido demais com esses sonhos matrimoniais. Porque vai entender que é só um desejo. E talvez, vai desejar também.
Eu só quero que exista um nós. Com aliança no dedo ou não. 
Poder te observar dormir sem parecer uma louca paranóica.
Eu não preciso que você seja o cara mais romântico do mundo. Nem que entre nós exista clichê. Não preciso que venha perfeito, nem com flores, vinho e violão. Só preciso que venha. Que seja você. De corpo e alma nu. De coração entregue e aberto. Não quero que tente me amar. Não preciso que se esforce. Só preciso que sinta e só quero o que for reciproco. E se não for, meu amor, eu vou embora, torcendo para que, quem sabe, a qualquer hora, você retorne e diga que também quer. Que quer que hoje seja sério. Que seja nós. 


*"Sou apenas uma garota, parada em frente à um cara, implorando a ele que a ame." E ainda estou esperando.



* A frase é de uma cena do filme Um lugar chamado Notting Hill.

Posted on 19:46:00 by Luiza

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quarta-feira, 5 de outubro de 2016




Hoje observei um casal feio no ônibus voltando para casa. Ela, uma menina de 20 e poucos anos, com um cabelo azul desbotado (ou lilás, não sei), com um ar descolado. Ele, pouco mais velho, estilo de guri largado, despreocupado. Nenhum dos dois era dotado de beleza, não a beleza padrão imposta pela sociedade. Mas observando-os eu só pensava em nós dois. Não pela aparência daqueles dois seres tão simplórios, porque estamos longe disso, mas pela forma como ele a acariciava. Ele ali de pé a protegendo em cada curva mal feita realizada pelo motorista do ônibus, que apresentava rugas de estresse e cansaço. Acariciando suas bochechas e tocando-lhe o mento. Ele falava de amor com as mãos. Ele lhe dizia "eu te amo" em silêncio, apenas a olhando com aquele olhar. Sabe aquele olhar de quem encontrou o amor da vida e não precisa mais esperar? Era esse. O mesmo que um dia vi em seus olhos. E ela sorria, como se aquele riso o respondesse, o seu riso dizia o quanto aquele amor era recíproco. Por um instante senti inveja daquela pobre menina, ela tinha tanta sorte, ela era tão feliz quanto eu jamais seria. Ele não a levara em casa de Mercedes, como eu já fui trazida. Ela, muito provavelmente, nunca viajou pra lugares tão lindos e se hospedou em hotéis tão caros como eu já. Ela nunca pôde dizer que namorava um médico, como eu já pude dizer. E nunca vestiu roupas de grife ou sapatos mais caros que um allstar. Nós não tínhamos nada em comum. Espera. Tinha uma coisa sim. A forma como ele a olhava, eu também já fui olhada daquela maneira. Lembra? Eu já tive a bochecha acariciada daquele jeito e já fui protegida daquela forma. Por você. Mas eu não soube entender aquela felicidade. Porque não tinha nada que eu reconhecia ali. Eu nunca soube reconhecer o amor até hoje, observando um casal totalmente fora dos padrões. Eu percebi que não há padrão para amar. Por isso eu a invejei, ela encontrou o amor e soube aceitá-lo mesmo que ele seja assim, simples, andando de ônibus em um dia chuvoso. Eles tem amor e só isso basta, era nítido no olhar. 
Logo em seguida senti uma estranha felicidade por ver aquilo. Aqueles minutos ao lado do amor, pensando em quanto fui sortuda por te conhecer e tão estúpida por te deixar ir, mas eles estavam ali , provando que o amor existe e é lindo. Então, estou aqui, tomando coragem pra escrever e dizer o quanto você me fez feliz cada vez que me olhou daquela forma, em cada toque teu, cada abraço caloroso e em cada minuto que se preocupou em está aqui ao meu lado. 
Sinto muito por sentir tanto e não ter te contado.

Posted on 02:30:00 by Luiza

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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

(Você pode ler ouvindo - Primavera)

Do porteiro do seu prédio ao senhor que vende doce na rodoviária, todos por quem passamos do caminho da sua casa até a minha, já notaram que desde que você chegou é primavera em meu riso. 
As minhas amigas já sabem e os meus primos também, que quando o celular vibra, eu vou correr e corar ao ler o que quer que seja a mensagem que você enviou, na verdade, só de ler o teu nome no visor do celular eu já sou toda risos. 
É primavera, meus pais notaram.
A vida parece florir o tempo todo. 
Mas quando estamos juntos é como verão. É verão quando você me beija e nossos corpos se encontram, se reencontram. E a cada encontro é como um dia ensolarado de um verão carioca. Quente, intenso e lindo! E é só te ver sorrir pra eu florir de novo. E de novo.
É primavera em meio ao verão. Talvez, sejam todas as estações.
É sossego em meio a todo caos dessa paixão intensa que me faz ofegar, com beijos e carícias, que eu adoraria se fossem infinitas. Mas a noite sempre chega, assim como o inverno um dia há de chegar!  E não podemos ser verão o tempo todo. E, às vezes, eu não vou florir.
Mas mesmo quando você não está perto. Mesmo que esteja a km de distância, ainda sinto o cheiro de primavera aqui, mesmo que o outono chegue, que o verão acabe, que a temperatura esfrie, enquanto tiver a certeza que amanhã vai chegar e amanhã vou te encontrar de novo pra sentir a primavera enchendo meu pulmão com mais um pouco desse cheiro doce de paixão, enquanto descanso em teu peito, entrelaçando nossos dedos , como uma referência a vida que gostaríamos de ter juntos, enlaçados, pra sempre naquele instante. Desejando a cada segundo que o tempo ao nosso redor congele, que não existam mais km, fusos, solidão. Que não exista mais dúvida, desespero, insegurança. Que só exista eu e você. Nós. Com os corpos entrelaçados um ao outro, sem respirar pra que nenhum espaço se crie entre nós. 
Do segurança da faculdade ao palhaço do semáforo.
Da minha melhor amiga a teu amigo de infância, 
Todos já sabem, todos notaram, a maioria desconfia, exceto nós dois:
É primavera e o amor floresceu em nosso peito!


Ps. Esse é pra alguém, e esse alguém sabe quem!

Posted on 18:25:00 by Luiza

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