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Coloquei o carro pra dentro, tava passando uma música legal no rádio. Deixei tocar num volume bom. Fui fechar o portão. Fechei até a metade. Escorei o ombro no batente. Viajei na música. Não sei dizer o nome, mas ela é clássica nos baus da supra. Como é a avenida mais movimentada da cidade. Passam todos os ônibus. E esse vinha de Brasília. Trazia sonhos. Ela. E ela já estava me olhando de antes de perceber o ônibus, às vezes saio de mim quando começo a pensar. E quando a percebo. Passa a mão no cabelo como todas as vezes que a vi na vida. Desde a escola. Puta que pariu, aquilo é tão sexy. Olha pra frente. Fingi que não me vê. E eu fixo meu olhar na moça da parada doze da quebrada. Que eu sei quem é há muito tempo. Mas não conheço o tocar de lábios. Ela era a garota mais bonita da escola. E é a mais linda da quebrada. A pena que eu sempre quero quem não me quer. E eu não posso levar ninguém a Londres e a Paris. Afinal, eu sou um poeta vagabundo.