Já faz algum tempo em que não penso em
nós como nós.
Há tempos não cogito a hipótese de ao menos te encontrar novamente.
Mas, hoje, por um momento, pensei.
Me deixei sonhar com o caimento dos teus cabelos castanho escuro sob tua pele branca, fazendo um contraste maravilhoso, e a assimetria que a tua boca tem com o resto da face.
Me peguei analisando cada detalhe do teu corpo.
O modo como movimenta as mãos tão suavemente.
Então senti saudade...
Como eu queria tuas mãos percorrendo o meu corpo de novo.
Teus braços aquecendo-me em dias frios, os poucos dias frios que tínhamos.
Ver teus lábios movimentando-se, enquanto você murmura alguma reclamação sobre o clima e morar em Brasília. E termina dizendo que se fosse em Curitiba não seria assim.
Olhar teus olhos fixos na TV enquanto assiste ao Globo News, mas as mãos estão em mim, nas bochechas, sendo mais precisa.
E você nunca as soltou.
Até que me soltou.
E eu não pude mais.
Nem te observar nem te sentir.
Apenas a falta de nós.
Os dias frios têm demorado a passar. E viver em Brasília tornou-se insuportável. Os filmes ruins no cinema me lembravam o quanto você era bom em escolher o que assistir. O koni nunca pareceu tão falsificado e burguer king nem me lembro mais. Em tudo há um pouco de você.
Viajar de avião e saber que você não estará no portão de desembarque me esperando com o sorriso mais feliz do mundo é quase que uma tortura.
Não saber de você é uma tortura.
Então , hoje, eu pensei.
Por meses sufoquei essa saudade de nós. Tentando, inutilmente, não ser mais sua.
Mas sou.
Inteira e completamente sua.
Que pena ter notado tarde demais.
E, hoje, me pergunto, posso pensar em tê-lo novamente?

- Luíza Moura