(Você pode ler ouvindo - Deixa eu dormir na sua casa)

Diz que hoje vai passar um filme que eu vou gostar muito de ver no telecine e quando eu disser que só assino HBO, me chama pra ir até a sua casa. Pipoca e filme no sofá com você. Só isso. Coisa que até amigos fazem. Diz que não existe nenhum intenção pervertida secreta. É apenas um filme.
Me faz esquecer o atlas de anatomia do Netter na sua estante, o prazo pra devolução vai acabar e vamos ter que nos encontrar de novo. É só pra me devolver o livro. Nada demais.
Inventa um resfriado, uma asma, ou qualquer doença respiratória que você tenha só pra eu te acompanhar até o hospital e ficar ao seu lado enquanto toma medicação. Apenas ser sua acompanhante de ambulatório. Nada demais. Afinal, eu adoro hospitais.
Me liga às 16 horas no domingo dizendo que estava passando por aqui e pensou se, de repente, eu não gostaria de assistir ao jogo com você. Mesmo eu sabendo que você jamais teria algo pra fazer aqui perto. E que eu não sei assistir futebol. Mas vem. É só um jogo.
E de desculpa em desculpa, vem! Ou, simplesmente, diz que quer me ver. Diz que sente falta de misturar o som da sua risada com a minha. Fala que tá foda não ter a minha companhia pra ficar acordado até às 6h da manhã jogando conversa fora. 
Vem, com ou sem motivo, mas vem.
Porque tá difícil demais não ter mais desculpas pra ficar.
Vou preparar o café, sentar e esperar que você venha me dar motivos. Porque eu preciso de uma razão, mínima, que seja. Eu preciso ouvir um motivo, vindo de você, pra que eu não desista de nós. Preciso me apegar a algo que me faça ficar, porque eu quero ficar.
Me dê motivos pra continuar a te amar!



- Luiza Moura