Demorou, eu sei. Mas entendi. Agora, finalmente, entendi. Paixão é sentimento fugaz, imprevisível, quase sempre não é indolor. O afeto não. O afeto é sempre indolor. O carinho que sentimentos pelo outro é de graça. Não precisamos que o afeto seja retribuído na mesma proporção. Mas a paixão... Se não é devolvida na mesma intensidade, machuca. Faz o coração apertar tanto a ponto de parecer que vai encolher quando não é recíproco. O afeto pode virar amor, um dia, talvez. A paixão, com sorte, também vira amor. Mas quando não, a gente fica confuso. Não sabe se permanecemos juntos por aquele sentimento que um dia existiu, ou se desistimos. E as duas opções machucam. A paixão é maravilhosa, jamais diria o contrário. Sou um romântico incurável. Apaixonado nato. Mas a paixão, tão majestosa, é sentimento para dois tipos de pessoas: os jovens, porque se curam rapidamente desses sentimentos. Mesmo que sofram; e dos maduros o bastante, independentes, autossuficientes, aquelas pessoas que não se deixam influência pelo saboroso aroma do perfume da pessoa amada. Porque esse tipo de pessoa é paciente, não vai se deixar envolver a ponto de se magoar. E eu, infelizmente, não estou em nenhuma das classificações. Eu sou do tipo que fica sentindo o perfume do outro em cada esquina, que a cada canção encontra uma frase pra encaixar ali o nosso romance. E que quando chega a noite, tudo o que deseja é o abraço aconchegante daquele colo (que talvez nem seja assim). E pessoas assim se magoam muito. Porque esperamos demais. Esperamos que a mensagem seja respondida tão cedo quanto fôra enviada. E quando não o é, sentimos a agonia de não ser prioridade ardendo no peito. Esperamos que o outro mande recadinhos fofos e que demonstre saudade. Para que possamos retribuir com nossas juras intermináveis de paixão. Dizendo que tão logo iremos nos encontrar. E quando o tão esperado encontro não acontece... Ah , quando não acontece e a saudade chega a sufocar, aquela sensação de que agora sim, finalmente, ele está desistindo. Todo o conjunto de realidade e paranóia tomam de conta e a gente chora. Chora porque não consegue conter as lágrimas, porque não sabe com quantas outras a nossa paixão estará, em quantas camas se deitará, se ri de alegria ou de deboche ao ler aquela mensagem fofa e estúpida de boa noite. É aí que a paixão faz de nós tolos. E é aí quando gostaríamos de não ter sido tão vulneráveis. É ai que aprendemos a valorizar o afeto.
O afeto que faz de nós seguros. Que não nos cria expectativa nem mesmo paranóias. Que nos permite ouvir a banda preferida dele sem sentir palpitações ventriculares prematuras. O afeto afeta, mas não maltrata. É fato.


- Luíza Moura