Tru tru tru


- Oiii!


- Tô ligando pra dizer que cê esqueceu a calcinha...


- Mas eu vim de calcinha ontem.


- Verdade, mas deveria...


- Hã?! Como assim? Cê é do tipo que coleciona?


- Não nada a ver... É que, cê deveria ter esquecido isso. Mas deixou além do seu cheiro aqui no meu quarto, esqueceu isso de sentimento. De querer ter acordado ao teu lado e poder sorrir sem forçar.


- Entendo... Cê também podia ter me deixado apenas com o prazer, mas acordei com vontade do teu toque e de você sem short, da sua barba me fazendo loucuras aqui embaixo e acelerando as batidas... Sabe, eu fui embora, mas se você tivesse dito pra ficar. Eu ficava.


- Então volta. Ainda dá tempo pra um café quente e de fazer poesias no teu corpo. Sabe, aquilo de voar sem sair do chão?!


- Sei, tô indo. Nego, quer que eu passe no mercado e leve alguma coisa?


- Traga, traga só teu corpo e tua presença. (risos tímidos do outro lado da linha) Tô te esperando, a porta tá aberta. É só entrar.


- Entrar? Quem tem de entrar é você... (uma pena ela não poder ver o sorriso no meu rosto)


- Entro... Não esquece a calcinha ou esquece.


-Besta tô indo.


Antes que eu possa me despedir ela desliga a ligação. Posso até fazer o trajeto dela, tudo que vai fazer. Se vai colocar ou não a calcinha se vem de vestido, de saia, de short, de camisola. Se vai lembrar dos documentos do carro. Se vai parar pra abastecer. Se vai trazer vinho ou tequila. Ou se vai apenas sair do jeito que está e sem pausa vai vir correndo pra me ter. Enquanto espero e crio suposições tomo um, dois, três cafés. Ando pela casa, ainda encontro vestígios da noite passada. Um vaso de plantas quebrado, sofá fora do lugar, lençol da cama na sala e encontro um fio do seus cachos no colchão pelado. Relembro da minha mão na sua nuca e da minha boca na sua vulva. Lembro dos gemidos, dos arranhões, das mordidas no travesseiro ao gozar. E daquele beijo gozado, melado, suado e ofegante. E nada de você chegar. Logo penso que foi besteira ligar. Que foi infantil, foi só a segunda vez que nos encontramos e já fui logo falar de sentimentos. Deveria ter esperado mais alguns dias. Onde já se viu ligar às seis horas da manhã pra falar algo tão besta sobre calcinha? Deve estar rindo com alguma amiga agora. Ligo o rádio pra amenizar a tensão e a ansiedade. Parece perseguição, na estação toca Nina Simone. Aquela música que tocava quando lhe tirei da cama e lhe prensei na parede. Não costumo fumar sem beber algo, mas acho o último da noite passada. Acendo e deixo você me povoar a mente de novo. Lembro do teu olhar e das mãos no meu cabelo ao lhe penetrar avidamente e do pescoço alongar, da boca abrir sem emitir nenhum som e já estamos na sala, já quebramos o vaso de plantas, o lençol já está molhado quando toca Marvin gaye na estação. E o pensamento lá, te chupando loucamente e intensamente de novo na sala. Teus músculos contraem, tua boca treme... A música acaba, lembro da despedida. O olhar no relógio e dizer: amanhã trabalho cedo, tchau. Nem esperou eu dizer que ainda tinha um vinho. Segurou meu queixo e foi embora. Nem se quer fechou a porta. A música acaba e o program também. Estranho tocarem essas música logo pela manhã, pensei. Começa outro programa, só brasileiras. Marisa Monte é claro, pra aumentar a crueza dessa rádio. Coração bate descompassado. Tento até desligar. Mas deixo, é bom sentir. E no verso: você tem apenas meia hora. Desejo que entre pela porta e...


- Eu tenho que estar até oito horas no trabalho.


Sem cerimônia já vai tirando a calcinha, estava de vestido colorido com um corte até o joelho. Dá pra ver que estava bastante excitada, bicos dos seios pontados no vestido. E ela também que estava bastante excitado e fez tudo com um olhar fixo. Aumentando ainda mais o tesão. Ainda boquiaberto ela vem sobe o vestido e se encaixa. Fala no meu ouvido, "hummm, tava assistindo vídeo pornô né?!"... Digo que não com a cabeça. Ela rebola a boceta já molhada por cima de mim ainda de cueca samba canção. Consigo soltar o laço do vestido enquanto a beijo o pescoço, tiro a parte que tapa os seios. Sinto suas mãos segurarem minha cabeça. Me puxam até seus seios. E exige ao ouvido que lhe foda agora. Ela sabe que não sou de obedecer. Não mesmo, mas não dá pra recusar. Mas antes da exigência ser satisfeita. Tenho meus próprios desejos. Passo dois dedos por entre seus lábios encharcados e apenas um por trás, e os penetro. Me aperta ainda mais em teus seios.


- Você e esse seu desejo aí por trás. Hoje eu deixo. Aiii, (antes de completar a frase lhe penetro inteiro na boceta) porque tá gostoso! Aii, cachorro!


Me morde a orelha, o pescoço, arranha e cavalga ao encontro... Olho fixamente em seus olhos castanhos enquanto tiro meu dedo de lá, apalpo com as duas mão sua bunda. E penetro um dedo de cada mão. E sua cabeça repousa no meu ombro com um gemido só. Desce e sobe insanamente até estar saciada mas mais desejosa que antes da minha língua, coloca as mãos nos pés e vira a bunda pra mim. Quer, a deixo desejar mais que tudo. A olho ali, aberta pra mim. O vestido caindo. Tudo pingando. Me ajoelho ali mesmo. E chupo tudo. Sete e quarenta ela diz.


- Tenho que ir meu nego.


- Não vai tomar um banho?


- Não dá tempo. (se limpa e realoca o vestido, pede pra fazer o nó do laço, faço) Já vou.


Já está fechando a porta.


- Ei, a calcinha!


- Não dá pra usar calcinha assim do jeito que me deixou. É desconfortável.


A porta se fecha e mais uma vez se vai sem acabar com o vinho. Mas acabando comigo. Deixando aquela calcinha ali. Fio dental, molhado, encharcado com teu cheiro. Aprecio o cheiro que deixou no local. Pego minha câmera e fotografo sala do jeito que está. Com alguns lugares sujos, tudo bagunçado, sua calcinha ali, próxima a porta. Alguns lugares molhados, um lugar no sofá denunciando que nossos corpos se atracaram. Fotografia de momento feita. Pego sua calcinha e não sei coloco pra lavar ou deixo como está, pra sempre me lembrar. Deixar como está é melhor. Seu cheiro é gostoso. Percebo que esse jogo está ficando sério, e eu gosto de jogá-lo.


Jamais jogo pra perder.


Maluco Sonhador.


Sheyden Souza.