alucinações bêbadas
ao olhar as estrelas
calculando há quantos anos
elas se foram
elas se foram antes de mim
caminho pela viela
o tempo se embaraça em minhas mãos
e os meus lábios travam diante da naturalidade que eu encaro
as pedras dentro do meu tênis
velho
e insuportável para o tempo
ruas cheias de rolas e bucetas ambulantes
procurando a paz de uma transa
e o porre sem pudor
colunas que se formam sobre a minha cabeça
um dos lados do meu fone ainda pega
new order arde como cachaça
e a minha garganta é arrancada junto as últimas palavras
que não te disse
como o tempo e as estrelas te vi morta
a procura do que eu não sabia
e nao tinha
eu ainda senti sua mão enrugada sobre os meus cabelos pintados
ouvi o uivo dos céus
e a água já batia em minhas pernas
seu olhar ainda era expoente, bolsas de olheiras, profundas
que traziam uma alma macabra
eu ainda transitava aquela rua
negra
e sentia cada gota pairando sobre minhas canelas
como se cada uma delas fossem agulhas me espetando
com força
aquela rua vazia
e a noite escura
só via-se genitálias ambulantes
e eu vi seus olhos
no espelho com estrelas e o tempo que já se foi
depois de que você me deixou, só
vejo essas caras de
genitálias
que perambulam nuas de cara
alma
alugam meu tempo com as estrelas que já morreram
e a transa é viva como new order em meus ouvidos
depois que você partiu, minha
loucura não me deixa partir com o tempo e as estrelas mortas
sangro minhas palavras e com meus movimentos com uma trepa selvagem
e a cada segundo respiro ruidosamente
alugo
lugar em genitálias
são tudo pra mim
as vezes encontro olhares pacifistas
em ruas cheias
mas eles me lembram suas bolsas de olheiras
e vejo a genitália
nova
novamente
cuido para não me tornar uma suicida
quando vejo um rosto
novo
novamente.

Thamires Monteiro